13.4.11

Palio, trapos e disputas...

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Com a chegada da primavera começam as manifestações a céu aberto... Sagras, feirinhas, mercados e eventos vários. Ainda lembro quando em 2002 estava organizando minha viagem de estudos em Siena, cidade mundialmente famosa pelo Palio. Muita confusão na cidade ao chegar no dia exato em que ocorreria a corrida e sob um forte sol de verão. A Piazza del Campo (principal da cidade) lotada, muita emoção estampada no rosto das pessoas... Eu não estava preparada para enfretar horas a fio debaixo daquele sol, também não tinha conhecimentos suficientes para compreender o que estava para acontecer... Na verdade, só os seneses podem compreender a dimensão deste evento. Então vou tentar explicar um pouco o que é o Palio para os italianos:

O Palio, do latim "pallium" que significa manta e indica um pedaço de tecido pintado, é uma competição entre bairros de uma cidade. É basicamente uma disputa com cavalos ou outros animais, embora existam também palio de barcos. O Palio é uma tradição fortemente vivida em muitas cidades italianas, muitas vezes inseridas nos programas das festas medievais.

O Palio mais célebre ao mundo é exatamente o de Siena, tradicional manifestação que acontece duas vezes no ano - 02 de julho e 16 de agosto. A corrida é feita a pelo e o cavalo pode vencer mesmo sem o seu "fantino" condutor!
O prêmio para o venceder é um pedaço de tecido pintado com representações significantes para a cidade. Viver o palio é algo único, como um ritual, uma tradição que passa de pai a filho, reviver uma antiga cultura, um momento de forte emoção.

Morando 3 meses em Siena, exatamente durante o verão e quando os ânimos do Palio estão altamente presentes em cada ãngulo da cidade, pude perceber melhor o que este evento significa para estas pessoas. Participei de jantares, manifestaões, palestras e estudos... presenciei cada etapa de preparação, o sorteio dos cavalos, missas e desfiles medievais. Então pude entender que para eles o palio é como o carnaval para o brasileiro. O carnaval das escolas de samba que passam o ano inteiro se preparando para aquele dia do desfile, escolhas de fantasia e música, montagem dos carros em 100% de dedicação. As pessoas respiram e vivem intensamente cada fase. E as lágrimas quando a escola entra para desfilar ou durante a apuração dos votos... é esta mesma emoção que o italiano vive o palio. Vi pessoas chorando de alegria e de tristeza, crianças e adultos... todos juntos.

Enfim... un evento da non perdere!! ;)

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10.4.11

Nua e crua

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Para de sonhar e encara a realidade! É o que tenho me repetido estes últimos dias. Mas tentar viver em serenidade não é simples quando os obstáculos ficam cada vez maiores passo a passo que você se aproxima deles. Encontrar tranquilidade e relaxar nesta hora não é coisa simples de se fazer... não é como trocar de roupa, escolher um sapato. Mascarar a vida, os fatos, fingir que não existem ou tentar minimizar a dor... não adianta. O que serve mesmo é encarar de frente, cara-a-cara, no peito e na raça! Mas de onde tirar forças quando a bofetada deixa marcas? Quando os projetos não vão ao bom fim, quando os sonhos evaporam como núvens ao vento... quando toda esperança se perde em uma palavra que fere... e você se sente impotente, incapaz de gerar novas soluções... frustado, estéril. Então é hora de levantar, enxugar as lágrimas e viver esta realidade que se presenta nua e crua diante de ti. O medo existe e admitir isso é de uma coragem imensa, mas não posso negar a insegurança em relação ao futuro. O coração cheio de cicatrizes e desilusões não permite que a cabeça fique entre as núvens enquanto os pés firmes na terra e cansados pedem descanso. Mas não posso parar, mesmo quando ao amanhecer a vontade é de continuar com os olhos fechados. A ordem é reagir, de alguma forma reagir! Não sei o que vai ser do amanhã... ainda não sei o que é melhor para mim neste momento; preciso assimilar melhor este último tombo antes de voltar a caminhar. As lágrimas secas alagam tudo dentro do peito ...esta sinuca de bico. Três anos e meio de um lado ao outro, sendo observada em todos os ângulos do corpo e do ser, criando gráficos e parábolas, estudando o dia e o momento certo, esperando todo mês uma resposta positiva... como se fosse ganhar na loteria. Eu devia imaginar... nunca tive sorte no jogo!!
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