2.12.13

Dezembro e suas reflexões



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Final de ano estamos sempre mais reflexivos; procuramos repensar nossas escolhas, ajustar alguns ponteiros, buscamos acertar as linhas tortas, endireitar o caminho que decidimos seguir... enfim, tentar um gol nos últimos minutos do segundo tempo e finalizar o ano de forma positiva. Então lembrei do livro que li ha alguns anos... A Arte de Ser Leve de Leila Ferreira.

Você pode escolher ser um caminhão - e encher a caçamba das coisas mais importantes para você, mas também de tantas coisinhas miúdas que juntas pesam e ocupam tanto espaço.

Ou você pode escolher ser uma bicicleta - e carregar consigo somente aquilo que realmente é útil e indispensável para seguir em frente e se manter em equilibrio.

Quantas coisas carregamos conosco sem necessidade, sentimentos ruins, pessoas que nos deixam para baixo, lembranças que machucam, coisas que não servem mais... Acho que Dezembro é o momento de repensar o ano, as escolhas, o caminho que resolvemos seguir... E parar para pensar aonde ele vai nos levar, se realmente estamos dando o melhor de nós mesmos.

Seguimos sempre arrumando desculpas para nossos passos errados, queremos viver tudo que nos é oferecido sem nos preocupar com a consequência disso no futuro ou em quem está ao nosso lado. Totalmente inconsquèntes! E muitas vezes o futuro é tão mais presente do que pensamos, os efeitos causados por nossas decisões chegam rápidos!

Nós somos a soma das nossas escolhas; mas porque tantas vezes escolhemos ser pesados, quando podemos ser leves?

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Um pouco de PAZ.


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Domingo... quase meia noite, um dia cansativo mas ao mesmo tempo compensador. Tem sido dias confusos, nublados... precisava de algo especial para finalizar a semana. Então senti necessidade de ouvir algo único - era a voz do Albert Levy da Paz! Aquela voz suave cantando no Youtube e resumindo minha semana em uma única frase:

Dizer nunca vale mais que agir...

Conheci o Albert na Itália através de uma querida amiga e vizinha, a Patty. Indiscutivelmente simpático e adorável!! Sua voz é mágica, suas músicas são poesia, uma pessoa realmente inesquecível.
Escolhi para vocês a música Doidos Combinados, degustem!

Doidos Combinados - Albert Levy da Paz

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25.11.13

Tudo que vai deixa memórias...



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Estava eu pensando no que mais sinto falta da Itália e no que ganhei voltando ao Brasil:

Itália - o que deixei
- Saudade das tardes dos finais de semana à base de vinho caseiro, presunto de parma e queijos nos lugares mais simples e inusitados da Toscana.
- Ahhh aquele cheiro forte e o sabor exótico dos pratos à base de Tartufo (trufas)!! E poder comer todos eles de graça ao ser voluntária na Festa do Tartufo de San Miniato (Pisa)!!!
- Os passeios pelos campos com meu filhote 4 patas Deo, nossas aulas de Agility e sentir seu peso sobre minhas pernas ao dormir.
- Ver os infinitos campos de girassóis no verão e as folhas amarelo-vermelhas do outono.
- Comer muita pizza Margherita, detonar a mordidas gulosas o queijo parmesão e perfumar a casa de doce ao fazer Crostata de amora ou figo.
- As alcachofras, cerejas, figos, caquis e tantas outras frutas do vizinho, do amigo, da tia ou colhidas em alguma plantação alheia.
- Sair pelos bosques a colher aspargos selvagens, amoras sem fim, funghi diversos, castanhas e flores do campo.
- Água na boca de pensar no café da manhã com um verdadeiro e espumoso cappuccino, acompanhado de algum folhado de maçã ou frutas vermelhas.
- De jogar carta - Scopa ou Scala 40 - com os amigos no bar antes de ir para a noitada.
- Saudade do muro em frente ao Decris Pub - ponto de encontro e lugar onde jogavamos Carta, Totó e muita conversa fora.
- As minhas alunas da 3a idade que eram também como avós, mães, amigas, irmãs. E de como elas se divertiam quando eu tentava ensina-las a sambar!!
- E os sorvetes? Aqueles cremosos e coloridos de fazer qualquer pessoa abandonar a dieta!
- Claro, não posso esquecer dos amigos que fiz!!! De como nos divertiamos, do carinho, do apoio que recebi de todos eles.

Por outro lado....
- Não tem aquele inverno frio que dura 7 meses no ano, transformando meus dias em curtos, cinzas e gelados.
- Ganhei o açaí e mais uma enorme variedade de frutas exóticas. Também a tapioca e a canjica doce.
- E a picanha? E a cerveja estúpidamente gelada até no mais rigoroso inverno? Muito melhor que uma Heinecken praticamente em temperatura ambiente!!!
- O queijo minas e o pão de queijo. Churrasquinho. Pastel. Caldo de cana. Água de coco.
- O azul do mar de Cabo Frio e o verde da Serra de Ibitipoca. O Cristo Redentor e o Pão de Açúcar.
- A alegria do Carnaval, do Reveillhon e das rodas de samba.
- Sem falar da cumplicidade e do amor dos amigos de tantos anos... Alguns em minha vida há mais de 20 anos!!! Amigos estes que estiveram ao meu lado mesmo não podendo atravessar o oceano para me abraçar, que estiveram presentes nos momentos difíceis mesmo com toda distãncia, que transformaram meu dias em luz quando eu me sentia apagada.

Sei que um pedaço de mim sempre vai estar lá... Sei que meu pensamento de vez em quando vai falar comigo em italiano. Mas o mais importante disso tudo é que tenho certeza de estar hoje exatamente onde gostaria de estar!!

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4.7.13

O Peixe e o Mar


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Uma vez pediram a um peixe para falar do mar.
- Fala-nos do mar – disseram-lhe.
- Dizem que é muito grande o mar – respondeu o peixe. Dizem que sem ele morreríamos. Não sou o peixe mais indicado para vos falar do mar. Eu, do mar, o que conheço bem são só estes dez metros à superfície. É só deles que vos posso falar. É aqui que passo o meu tempo, quase sempre distraído. Ando de um lado para o outro, à procura de comida ou simplesmente às voltas com o meu cardume. No meu cardume não se fala do mar. Fala-se das algas, das rochas, das marés, dos peixes grandes e perigosos, dos peixes pequenos e saborosos e de que temperatura fará amanhã. O meu cardume é assim: eles vão e eu vou atrás deles.
- Mas tu, que és peixe, nunca sentiste o mar?
- Creio que o sinto, às vezes, ao passar-me nas guelras. Umas vezes sinto-o, outras não. Às vezes sinto-o, quando não me distraio com outras coisas. Fecho os olhos e fico a sentir o mar. Isto tudo de noite, claro, para que os outros não vejam. Diriam que sou louco por dar tempo ao mar.
- Conheces o mar, portanto. Podes falar-nos do mar?
- Sei que é grande e profundo, mas não vos quero enganar. Sei de peixes que já desceram ao fundo mar. Quando os ouvi falar percebi que não conheço o mar. Perguntem-lhes a eles, que vos saberão falar do mar. Eu nunca desci muito fundo. Bem, talvez uma ou duas vezes… Um dia as ondas eram tão fortes que eu tive de me deixar levar muito fundo para não morrer. Nunca lá tinha estado e nunca esquecerei que lá estive. Apenas vos sei falar bem da superfície do mar…
- Foi mau, quando desceste? Por que voltaste à superfície?
- Não foi mau. Foi muito bom. Havia muita paz, muito silêncio. Era como se fosse lá a minha casa, como se ali eu estivesse inteiro.
- Por que não voltaste lá ao fundo? Por preguiça?
- Às vezes acho que é preguiça, outras vezes acho que é medo.
- Medo? Mas tu não disseste que era bom? Medo de quê?
- Medo do desconhecido, medo de me perder. Aqui à superfície já estou habituado. Adquiri um certo estatuto para mim mesmo. Controlo as coisas ou, pelo menos, tenho a sensação de as controlar. Lá em baixo não sei bem o que me pode acontecer. Estou todo nas mãos do mar.
- Tiveste medo, quando chegaste ao fundo do mar?
- Não tive medo algum. Era tudo muito simples… E no entanto agora tenho medo… Mas eu não cheguei ao fundo do mar! Apenas estive menos à superfície.
- E que dizem os outros, os que lá estiveram?  
- Dizem coisas que eu não entendo. Dizem que é preciso ir para perceber. E dizem que nada há de mais importante na vida de um peixe.
- E explicam como se vai?
- Aí é que está. Explicam que não se chega lá por esforço, que só podemos fazer esforço em deixar-mo-nos ir. Que é só o mar que nos leva ao mar.
Então veio uma corrente mais forte que o fazia descer. O peixe tentou lutar contra ela com quantas forças tinha, à medida que via distanciarem-se as coisas da superfície. Talvez para sempre… Mas depois fechou os olhos, confiou e já sem medo deixou-se ir.

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Sina



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É peixe quando pula e descortina

a clara possibilidade de mudar de opinião
é peixe quando sem ligar a seta muda o rumo
inverte a coisa, embola o pensamento e então ...
é peixe quando o germe da loucura
se transforma em claridade e anda pela contramão
é peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas
sem nenhuma embarcação
é peixe quando salta o precipício da responsabilidade
e tem uma queda pra ilusão
é peixe quando anda contra o vento, desafia o sofrimento
e carrega o mundo com a mão
é peixe quando a luz do misticismo
se transforma na procura do princípio e da razão
é peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas
sem nenhuma embarcação

(Oswaldo Montenegro - Os filhos de peixes)

XII signo do zodíaco. Dois peixes entrelaçados, cada um voltado para uma direção. Ninguém é mais mutável e volúvel que ele. Dizem que está sempre na fronteira entre dois mundos. Dizem que resume em si as qualidades e contradições dos outros signos. E que é um signo inconstante como o mar, um dia calmo n'outro cheio de cólera. Que é o signo do misticismo e da fé. Tem a cabeça entre as núvens e só sabe sonhar. E com seu coração sensível busca um mundo perfeito. 



“A ti Peixes, dou a mais difícil de todas as tarefas. Peço-te que reúnas todas as tristezas dos homens e as tragas de” volta para Mim. Tuas lágrimas serão, no fundo, Minhas lágrimas. A tristeza e o padecimento que terás de absorver são o efeito o efeito das distorções impostas pelo homem à Minha Idéia, mas cabe a ti levar até ele a compaixão, para que possa tentar de novo. Por esta tarefa, Eu te concedo o Dom mais alto de todos: tu serás o único de Meus doze filhos que me Compreenderá. Mas este Dom do Entendimento é só para ti, Peixes, pois quando tentares difundi-lo entre os homens eles não te escutarão.”
E Peixes retornou ao seu lugar.  (Martin Schulman – Karmic Antology)


Li que alguns são empáticos para com o sofrimento dos outros. E tem o que está sempre rodeado de dúvidas e medos. Há também aquele que consegue equilibrar lucidez e sonho. Segue forte como o vento que empurra as velas do navio. Mas também pescador de almas perdidas, se desintegra com as dores da humanidade. 

Em peixes tudo é vasto, infinito. Intenso. 
Praticamente, pelo que entendi destes trinta e nove anos navegando pelos mares de minha vida é que ser pisciana é minha sina.

"Muitas vezes, há uma clara divisão na sua vida, como se fosse um antes e um depois. Um antes em que algumas coisas pareciam muito difíceis e o depois, em que haverá maior encaixe, ainda que não a sonhada perfeição. Aqueles que experimentarem esta divisão já serão vitoriosos, pois alguns ficam a vida toda como numa busca que nunca termina. No fundo, é a fé quem afasta Peixes da beira do precipício e lhe dá a base de que tanto precisa para ao menos começar a passear mais tranquilo pela vida."


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17.6.13

Para o dia nascer feliz


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Todos os dias fazemos escolhas, todos os dias temos que decidir que direção seguir. "Nós fazemos o nosso destino."

Uma vez um senhor me falou de forma diferente, simples mas bem clara:
- Você conhece o burro de carga filha? Ele é capaz de carregar cargas pesadas por muito tempo mas quando encontra uma cobra em seu caminho ele se apavora e sai correndo feito um louco, jogando para o alto toda a sua carga. Não faça como o burro de carga; aja com mais inteligência. Se ele não se apavorasse diante da possível ameaça da cobra, talvez pudesse ver que haviam outras possibilidades ao invez de jogar tudo para o alto. Bastava olhar para os lados e ver que poderia dar um passo à esquerda ou à direita para desviar do obstáculo. Mas não volte para trás, não temos que voltar para o passado mas sim olhá-lo e aprender com ele.

Primeiro de tudo comecei a pensar na carga que sem percebermos carregamos. Algumas nós escolhemos, outras chegam e se instalam... Posso me livrar de alguns destes pesos? O que é necessário, o que faz parte de mim e o que não. Fui tirando as aparas, cortei algumas das correntes que arrastava. Estou deixando no passado o que é do passado, estou cuidando das feridas para que elas não deixem marcas profundas mas somente boas lembranças.

Saint- Exupery disse que devemos suportar duas ou três lagartas se quisermos conhecer as borboletas... Bem, esta transformação da larva em borboleta não acontece de uma hora para outra, ela dura meses até mais de um ano. Durante este período elas guardam energia para se transformar em borboletas. Esta metamorfose está me ajudando a buscar ser uma pessoa melhor, a ser mais leve, a ter um pouco mais de auto-controle, a não agir por impulso diante das adversidades, a não desperdiçar energia. Procuro ocupar-me com coisas que me dão prazer quando os pensamentos desordenados chegam e me deixam confusa, insegura ou triste. Posso não perceber todas as oportunidades que me são dadas ou não saber ainda como será meu amanhã,  mas continuo incansavelmente perseverante e otimista. Tudo isso está me dando a possibilidade de me reencontrar, de reconhecer o que me faz mal e o que não quero mais no meu di-a-dia, de me libertar das coisas negativas que mesmo sem desejar me aprisionavam, deixando de olhar para o que me falta e sim para o que eu posso vir a ter.

 Depois de um longo e necessário período de "luto" emocional, resolvi mudar de atitude. A vida é como um espelho, é a imagem daquilo que somos e daquilo que fazemos para nós mesmos. E eu não quero mais energias negativas em meu caminhar. Chega! "Não espere o amanhã para viver. Isso é uma forma de estar morto antes da hora." Posso ainda não ter os passos firmes, mas estou feliz. Feliz e orgulhosa. Estou aprendendo muito sobre mim mesma. Sou humana, tenho defeitos e fraquezas; aos poucos vou aprendendo a lidar com cada uma delas. Muitas vezes me sinto fragilizada diante das inúmeras provações, mas "o esforço é que torna o homem forte."

Finalizo com Joanna de Angelis:

Em qualquer circustância, mantém-te tu mesmo. Não te apresentes superior ao que és, nem te subestimes, a ponto de parecer o que não sejas.


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12.6.13

Sempre podemos RECOMEÇAR!!

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Olá queridos amigos!

Como disse no post anterior, em 25 de setembro de 2012, precisei dar um tempo daqui. Este blog me traz muitas lembranças, recordações que marcaram profundamente minha vida mas que, embora lentamente, estou conseguindo conviver com cada uma delas pacificamente.
Não tem sido fácil, não vou negar. Mas o tempo é sem dúvida nosso melhor amigo nestas horas! E estou aprendendo a olhar para dentro de mim novamente, a viver para mim e a pensar em mim. Quando estamos envolvidas com alguém é normal se doar, se entregar... O que não é normal é se esquecer, se anular. Então agora estou me resgatando, e isto está sendo maravilhoso!!
Descobri que o que vivi nestes últimos 10 anos nunca poderão ser apagados, esquecidos como eu tanto desejei. Simplesmente eles vão ficar ali em minha "linha do tempo" (não somente e literalmente àquela do Facebook) como postagens antigas; um pouco esquecidas, um pouco não. Vai ser como uma tatuagem que a gente faz, sente dor na hora mas depois ela fica ali; a maior parte do tempo esquecemos que temos, porque ela não causa mais dor, mas ela vai estar ali para sempre.
Cada um tem seu tempo, cada fim de relacionamento tem seu período de luto... Como se tivessemos perdido uma parte de nós mesmos. É uma mudança repentina que causa um grande vazio, mas aos poucos vou me refazendo, aos poucos vou me fortalecendo, me redescobrindo.
Com o amor paciente de meus pais, o conforto dos amigos e o carinho de meus parentes ...Estou recomeçando. E volto a dividir com vocês esta nova fase!!

Um beijo no coração

"Mas é preciso ter força, é preciso ter garra, é preciso ter gana sempre, quem traz no corpo essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida!"


"Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo."

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